Georges Seurat teve uma carreira breve, mas com obras significativas na história da arte.
Por Giovanna Campos em 14 de abril de 2020
Georges Seurat foi um importante pintor francês, considerado o pioneiro do Pontilhismo. Assim como Cézanne, Seurat também é conhecido como um dos representantes do movimento pós-impressionista (Neoimpressionismo).
Uma de suas obras mais conhecidas, Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte, alterou a direção da arte moderna e foi o ponto de partida do Neoimpressionismo. Além disso, ainda é tida como um dos ícones da pintura do século XIX.
Georges-Pierre Seurat nasceu no dia 2 de dezembro de 1859, na cidade de Paris. Filho de família abastada, começou desde jovem a estudar arte na Escola Municipal de Escultura e Desenho, dirigida pelo escultor Justin Lequien.
Em 1878, ingressou na Escola Superior de Belas Artes de Paris. Durante esse período, Seurat seguiu o estilo acadêmico clássico, por meio da reprodução de desenhos baseados em esculturas antigas e rascunhos de outros pintores.
Logo depois, teve de abandonar a academia devido ao serviço militar. Quando retornou a Paris, dividiu um estúdio com o amigo Aman-Jean e desenvolveu a técnica do desenho monocromático. Inspirado em Eugene Delacroix, desenvolveu obras com a mesma tonalidade de cores que o francês usava.
Sua primeira exposição foi em 1883. No Salão oficial, exposição anual patrocinada pelo estado, Seurat exibiu retratos de sua mãe e de seu amigo Aman-Jean. Foi nesse período, que conheceu Paul Signac, futuramente seu principal discípulo, e pintou esboços em pequenas pranchas, alinhando-se para sua obra mais importante: Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte.
Apesar de sua carreira breve e com poucas obras, o que produziu foi de grande importância. Antes da criação de cada quadro, Seurat fazia uma série de estudos preliminares. Dessa forma, tudo o que era produzido apresentava grande dimensão.
O pintor morreu no dia 29 de março de 1891 de angina infecciosa. Além de sete pinturas monumentais, deixou outras 40 pinturas e cerca de 500 desenhos em vários cadernos de esboços.
Pontilhismo:
O Pontilhismo foi uma técnica de pintura criada na França por volta de 1880. Conhecido também como cromoluminarismo, neoimpressionismo, pintura de pontos ou divisionismo, consiste na técnica de pequenas pinceladas até se obter a forma do desenho.
Nessa forma de produção, as cores são justapostas e não mescladas, como um modelo pictórico de natureza matemática. Além disso, o Pontilhismo foi o precursor das técnicas de pixelização e separação cromática, usadas posteriormente na televisão.
Podemos dizer que o Pontilhismo bebeu da fonte do Impressionismo. Isso porque, assim como a técnica impressionista, o movimento nega a linha como delimitação da obra. Outra semelhança é a realização das pinturas ao ar livre, com o objetivo de absorver melhor cor e iluminação.
Entretanto, a diferença é que o Pontilhismo, em contraposição ao Impressionismo, está mais focado no recorte geométrico ou na pesquisa científica da cor.
Seurat é considerado o pioneiro do Pontilhismo, sendo o teórico original e o artista mais significativo do movimento.
Já no Brasil, o Pontilhismo chegou no período da Primeira República. Belmiro de Almeida, Eliseu Visconti, Rodolfo Chambelland, Artur Timóteo da Costa e Guttmann Bicho são exemplos de artistas que utilizaram dessas técnicas em suas pinturas.
A influência do movimento neoimpressionista pode ser observada nas obras de Vincent van Gogh, Henri Matisse, Paul Gauguin e Henri de Toulouse-Lautrec.
Estilo artístico de Seurat:
A técnica utilizada por George Seurat foi baseada em estudos realizados pelos cientistas da sua época. Esses estudos revelaram o funcionamento do olho humano e a ação da retina para a formação das imagens.
Esse conhecimento, junto ao estudo das cores, permitiu a Seurat dar início a um estilo artístico totalmente novo.
Ele não misturava as cores na paleta, mas projetava que o olho do observador fizesse a mistura e resultasse na cor planejada pelo artista. Quando os pontos são colocados justapostos e lado a lado, em tamanho quase que minúsculo, os olhos conseguem misturar as cores.
O pintor buscava um equilíbrio entre as cores frias e quentes, mas priorizava em suas obras as cores quentes. As cores frias, com linhas direcionadas para baixo, eram utilizadas somente para remeter ao sentimento de melancolia.
Além disso, buscava sempre uma harmonia entre as cores e as tonalidades luminosas, utilizando luz e sombra de forma equilibrada. Na fase final de sua carreira, a temática de suas obras começou a ser mais voltada para momentos de diversão e paisagens litorâneas.
Pós-Impressionismo:
O início do Pós-Impressionismo se deu na última exposição impressionista, em 1886. O movimento artístico vai até os primeiros anos do século XX, com o surgimento do movimento de vanguardas artísticas.
Apesar de ter durado apenas duas décadas, o Pós-Impressionismo trouxe inovação artística e consolidou uma série de artistas importantes. Dentre eles, estão: Paul Cézanne, Vincent van Gogh e Paul Gauguin.
Diferente das outras correntes artísticas, os pós-impressionistas não seguiam um padrão artístico, isto é, apenas um estilo artístico. Devido a isso, assim como os impressionistas, também não foram aceitos pela academia. Logo, tiveram que criar seus próprios salões de exibição.
Além da heterogeneidade de estilo, os artistas desse movimento também não se apegavam às regras das escolas de pintura. As principais características das obras pós-impressionistas são:
Uso de cores vivas;
Bidimensionalidade em detrimento da perspectiva;
Temática realista e cotidiana;
Uso da técnica pontilhista;
Valorização de cores, luzes e texturas;
Subjetivismo.
Principais obras de Seurat:
Camponês com Enxada (1882)
O Subúrbio (1883)
Banhistas em Asnières (1884)
Vista do Forte Samson (1885)
Domingo à Tarde na Ilha de La Grande Jatte (1884–1886)
Apresentação ao Lado do Circo (1888)
A Torre Eiffel (1889)
O Can-can (1890)
Os Modelos (1898)
O Circo (1890–1891)
Georges Seurat - Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte - 1884