9º ano Arte popular Nhô Caboclo Data de nascimento de Nhô Caboclo:1910 Local de nascimento:(Brasil / Pernambuco / Águas Belas) | Data de morte1976 Local de morte:(Brasil / Pernambuco / Recife) Atualizado em: 18-01-2021 Manuel Fontoura (Água Belas, Pernambuco, 191? – Recife, Pernambuco, 1976). Escultor. Explorador de matérias-primas como a madeira, o metal e as folhas de flandres, imprime em suas obras os sentidos de luta, guerra e escravidão, principais temas de sua produção artística. Representante da arte popular com extensa produção, tem trabalho experimental tanto na forma quanto nos materiais utilizados, explorando diferentes matérias-primas. Suas obras trazem temáticas como a escravidão e suas lutas e a valorização do trabalho de artesãos e da arte popular no país. Pouco se sabe sobre a infância e adolescência de Nhô Caboclo. É provável que tenha nascido na aldeia indígena Fulni-ô, no município de Águas Belas, zona agreste de Pernambuco. Descendente direto de índios, define-se como um caboclinho, sem acrescentar maiores detalhes. “Não conheci ninguém, nasci só”, diz. Criado no campo, próximo à cidade de Garanhuns, esculpe desde pequeno, dando forma ao barro e explorando materiais inusitados, como a barba-de-bode e a mandioca linheira. Exerce diferentes ofícios, como carpinteiro e sapateiro. Na juventude, trabalha com Mestre Vitalino (1909-1963), mestre maior dos bonecos de Caruaru. Abandona a argila, material que considera “morto”, incapaz de dar às peças o movimento que almeja. As experiências com a talha tampouco lhe agradaram. O objetivo de criar uma obra que “bulisse, peça valente, peça braba” ganha corpo quando ele chega ao Recife e conquista, pouco a pouco, lugar de destaque entre os artesãos populares da capital pernambucana. No início, instala-se pelas ruas da cidade e vai atendendo a clientela local. Nhô Caboclo faz declarações inusitadas que mesclam sabedoria, uma fantasiosa construção mítica e hábitos exóticos largamente apontados pela imprensa. Entre elas, passar longas temporadas sem tomar banho, dormir sentado numa espreguiçadeira, beber em largas quantidades, inclusive gasolina. Com isso, alimenta a criação de um personagem extravagante, genial e lunático. Diz, por exemplo, ter superado Matusalém em idade e ter por volta de 360 anos. Sua obra é ampla, experimental, produzida de forma intermitente. Ao falecer, em 1976, há fila de espera por suas obras. Tem horror de quem pechincha e recusa-se a fazer arte sacra, pois julga que apenas os crentes podem produzi-la. Com olhar agudo, percebe sutilezas como o colonialismo na arte e o embate entre o moderno e o popular: “Estrangeiro é que dá valor a essas. Ele traz as peças modernas de lá pros brasileiros, que gostam muito só porque é de lá, mas os estrangeiros gostam de peça matuta, que tem história”. Seus trabalhos mais conhecidos são produzidos em madeira, metal e folhas de flandres, mas absorve outros elementos como penas de pássaros, com as quais adorna as cabeças e armas dos guerreiros. O movimento das peças – inspirado por sonhos e pelo cinema – é obtido por meio do uso de roldanas e hélices, construídas com materiais reaproveitados como fundos de latas. Nhô Caboclo também fabrica seus próprios instrumentos, adapta facas e armações velhas de guarda-chuvas para construir suas obras. “Não gosto de coisa de loja. Gosto de trabalhar peça para museu: museu de matuto”. Seu trabalho tem vários desdobramentos. “O Toré, o Racho, a Balsa – nomes que o artista dá a algumas de suas peças retratam um complexo riquíssimo de criatividade, de harmonia, equilíbrio, movimento”, sintetiza Silvia Martins em artigo publicado no Diário de Pernambuco. Cada um desses nomes refere-se a uma invenção ou tema explorado com frequência por ele. Toré é uma passeata de caboclo no meio da mata, Sinaleiro representa a briga de um valentão, Equilibrista é “um velho caduco colocado numa árvore pelos filhos até morrer de inanição” e Racho, talvez uma de suas invenções mais conhecidas, é um trabalho em madeira que difere da talha (que para ele não passa de um “desenho em corte”) ao distribuir harmoniosamente bonecos e pássaros em uma estrutura vazada. Suas cores são sempre o vermelho e o preto, e seus temas de interesse, as lutas e a escravidão. “Gosto de fazer peça de penas e guerras. É muita luta e o derradeiro a ficar vivo sou eu mesmo”. Em texto de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) sobre o livro Reinado da Lua, cujo título provém de uma frase de Nhô Caboclo, o poeta sintetiza a força interior do trabalho de artistas como ele, cuja arte provém de “engenho e força, emergindo das raízes mais fundas do homem não letrado que estuda as leis e as graças da natureza”. Ou, como dizem as autoras do livro, Nhô Caboclo torna-se “um árbitro quase absoluto de seus próprios costumes, de suas resoluções, escapando a qualquer possibilidade de aprisionamento à norma". Segundo as autoras, o artista procura desarticular o mundo em redor, inventando alternativas e desconstruindo o viver cotidiano, recorrendo à ironia e ao humor. Disponível em: <http://enciclopedia.
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Anne Natalye (1901) ok
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